segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pálpebras pesadas




à meia luz de candelabros de papel e tinta e fosfato
na mente de um sem rumo
pousam dois sonhos sórdidos
iluminados fracamente
pois a mente já descança
e pensa sobre sonhos de sonhos

sábado, 29 de janeiro de 2011

Onde vejo Flores



Beijam-me as pálpebras de um súbito clarão. Era flor, força, inconsciência
Pesando um sono, deito-me num chão
Num baque seco arrasto a poesia
a inconsistência

Consisto de pequenos milagres e ver tal ato de nobre arte
da natureza que em mim parte
carregando por todas os lugares
a incandescência

É sopro bruto no jardim de pétalas
Batendo forte sobre mim
É bruta força no pouso de borboletas
E a chuva que cai
Enfim

Aflito, a fortuna recai numa dança, balançando o caule e a coroa
E na leveza balança
Ao lado da grama baixa, o canto ecoa
e se segue a presença

Quem viu, de verde e variados vermelhos, uma dança do vento ou sabe o que
meus sonhos pesados, meus campos regados, meus poemas rasgados
Quem desperta poesia, incerta rebeldia, meus deuses ateus
É uma flor pequena que mora no Reino de Morpheus

É sopro bruto no jardim de pétalas
Batendo forte sobre mim
É bruta força no pouso de borboletas
E a chuva que cai
Enfim

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Rain Song e o ciclo


Se existiu alguma coisa que apurou meu ouvido foi o Led Zeppelin e o Pink Floyd. Não me esqueço do dia em que peguei The sounds remains the Same e Meddle para ouvir. Toda a estranheza do mundo recaiu sobre meus ouvidos. Eu estava acostumado ao Punk Rock barulhento, grunge deprê e pop rock repetitivo _ vide Offspring, Nirvana e Skank, que ainda gosto, apesar de ser meio repetitivo _ e menos de 5 acordes por música. Foi uma revolução com direito a queda dos 3 poderes e instauração de novo regime: Conhecia o Hard Rock e o Prog.
Entre essas duas bandas monstruosas, lembro-me de me interessar mais pelo Led, talvez por não ter ainda um ouvido apurado e gostar de todo barulho que uma Gibson podia fazer. O engraçado é gostar tanto de uma música que prima mais pela sua harmonia e melodia.
Rain song é, talvez, a música que mais escutei do Led Zeppelin até hoje _ não, não sou fanático por Stairway to Heaven, e digo escutar por livre e espontânea vontade _ e possui uma das letras mais poéticas e metafóricas da banda. Para aproveitar a sequência de temas sobre a chuva _ semana que vem publico uma crônica que ainda não terminei _ , nada melhor que lhes apresentar essa jóia do quinto álbum do Led, e meu favorito, Houses of the Holly, de 1973.
Os arranjos foram compostos por Jimmy Page e a letra que, além de várias interpretações, é uma alusão às fases da vida e dos sentimentos de uma pessoa, foi escrita por Robert Plant. Há também o suave e envolvente Melotrom de John Paul Jones e na bateria, sempre fantástica _sim, eu acredito que ela ganhava vida nas mãos de_ John Bonhan e sua habilidade épica.
Para quem se atenta à letra, muito bem escrita e com um ritmo simples e grudento, nota-se, num primeiro momento, aquela velha baladinha sobre amores eternos, o que não deixa de ser verdade. Porém, do que realmente fala a letra é de um crescimento espiritual em que passamos pela vida toda, e o amor, ou o conhecimento da verdadeira vontade, em nós mesmos. Seguindo um princípio simbólico, as estações do ano, descritas na música representam essas fases, a exemplo do fogo que queima na primavera, representando a juventude, ou o verão que tudo clareia, afastando as trevas, ou seja, a representação da chegada da razão, maturidade, para uma pessoa. No inverno, estação em que a vida se torna mais difícil para os moradores do Hemisfério Norte, Plant fala das dificuldades, o frio, e da obscuridade que enfrenta para a chegada da clareza, alva neve, que o rodeia durante o inverno. Não existe comentário direto sobre o outono, que é, em muitas culturas, a estação do ano que representa a morte. Entretanto, na estrofe final existe menção à chuva que deve cair, representando então o outono, estação do ano de muitas chuvas mais ao norte na linha do Equador. O que não dá sentido de morte, realmente, mas de renascimento, que é representado pela tocha que o autor clama devermos carregar conosco para sempre.
A música em si não fala de um ciclo completo_ Nasce, cresce, envelhece, morre _, mas de todos os dias, de um ano, de um ciclo não determinado em que uma pessoa evoluirá e que essa chuva, mencionada no título, regará e será responsável por esse crescimento.  Ou seja, assim como representa morte no outono, representa renascimento e força.
Recomendo ouvi-la repetidamente em seu quintal durante uma madrugada de chuva, levemente ébrio e em um dia de reflexão.






http://letras.terra.com.br/led-zeppelin/80031/ - Letra na íntegra e com a opção de tradução.

Curiosidades:

* As primeiras duas notas da música foram "emprestadas" de Something dos Beatles, em homenagem ao grande fã George Harrison, que havia comentado com John Bonhan a falta de baladas nos discos da banda.
* Essa é, segundo Robert Plant, seu melhor desempenho vocal em uma música.
* John Bonhan toca com as famigeradas baquetas "escovinha" durante toda a música, inclusive quando ela fica mais pesada nas estrofes finais.






quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pluviolologia




Dá-lhe a chuva a quem vem de baixo
o grão de água
Há quem veja o belo no feio
            o otimista
E a quem nasce para cima, torto ao sol
                             o crescimento

Há quem veja copos cheios de nada
                      o pessimista
Dá-lhe a medida na seca, sempre bem-vindo
         o milagre
E que dos pingos no solo lhe faça juz
                 O silêncio

Déc-adência


 Eu sou só e o sol
              o sol no solo
                    o sal do solo
                              da sobra, o sal
E por aqui ninguém aparece às terças-feiras

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

(não) Ouve-se


Você pode me ouvir? Não é dissonante, não é pra dançar, nem é muito interessante mas... você pode me ouvir?
Melhor é silêncio
Não convém desdizer ou digerir, bem dizer, retribuir, você com esse fone enorme, você pode me ouvir?
Melhor é silêncio
Não é preciso megafone ou microfone ou telepatia, é tão simples: Você pode me ouvir?
Melhor é silêncio

É para passar pelo ouvido externo, pelo interno, martelo bigorna estribo, cóclea nervo auditivo
Melhor é silêncio
É para passar pela audição, razão, consciência e reflexão
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio

Você pode me ouvir? Não é impressionante, não te faz melhor, não é importante, mas você pode me ouvir?
Melhor é silêncio
Lá na sua casa, em Paracatu, lá na Papoásia, em Santana do sul, mesmo de tão
longe, você pode me ouvir?
Melhor é silêncio

Você pode me ouvir? Melhor é silêncio
Não precisa entender, não precisa repetir, não precisa responder, não precisa reagir, não precisa rebater, não precisa contrair, não precisa se esconder, não precisa discutir, não precisa combater é só preciso me ouvir que


É para passar pelo ouvido externo, pelo interno, martelo bigorna estribo, cóclea nervo auditivo
Melhor é silêncio
É para passar pela audição, razão, consciência e reflexão
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio

É para passar pelo ouvido externo, pelo interno, martelo bigorna estribo, cóclea nervo auditivo
Melhor é silêncio
É para passar pela audição, razão, consciência e reflexão
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio
É para bater raivozamente, verborragicamente, intransigentemente na hipófise e voltar
Melhor é silêncio


(Diga o texto em voz alta, a partir do 0:11)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Lenga nº3 - A pulga na caneta

Pulei numa esfereográfica. Enquanto contava isso, ouvi uns lamentos. Seria um suicida romântico? Um excêntrico realista-fantástico?
Que Merda de vida!. Acabei morrendo na barriga de um sapo parnasiano.
E eles nem existem mais.


Femme Bomb: O quintal de Vênus


Assinado por Mayumi Souza o blog Femme Bomb traz as perspectivas que rodeiam toda sorte de mitos e abismos do universo feminino, tratando ludicamente dos dilemas e sensações do gênero forte e intenso da natureza, sempre a partir de uma receita simples que leva acidez, amores de todas as espécies e o um universo tão rosa quanto choque.

Um trecho para deixá-los na vontade:

"(...)É quando a moça não pinta os olhos, é quando todas as paredes do quarto ficam em tons de nude, são os milhares de rostos inexpressivos. Silêncios são para provas finais, salas de espera de hospitais, bibliotecas…(...)"

Não cometa esta gafe!
Publicado em janeiro 5, 2011

http://femmebomb.wordpress.com/

domingo, 23 de janeiro de 2011

Poema cretino sobre a volta das férias




Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada, Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada,Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada,Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada,Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada,Tela, Tecla, Branco, Papel, Caneta, Nada...

Embate!:

Punho em riste
dedos de aço

Vaza poesia
N'alma de palhaço

Ai de mim
Rima ruim!

Poeta ruim
Polenta ruim

Comi minhas aliterações!

Percebo-me indigesto,
Retorno Vencido

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Conversas, monólogos, definições

Redemoinho próximo a Alnwick, Northumberland, Grã Bretanha


Segue em anexo uma breve definição sobre nossa possível próxima conversa:

Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não, Não e, por último, mas não menos importante, Nunca.

Desde já, grato.