terça-feira, 28 de agosto de 2012

Jornal das Uberbundas nº 1 - O triângulo das bermudas





Uberlândia, ah!!!, o cerrado dos dentes! o cheiro do chão do Ooze às 04:00 da manhã! o T131 na hora do rush!

Amigo leitor, o período é de magia por essa cidade.

O município vive a febre bienal de mais um eleição municipal. Por todos os cinco cantos da cidade, bandeiras de candidatos e santinhos e carros de som e carros adesivados colorem, sem coordenação motora, o céu e a terra uberlandenses,  mudando o panorama comum da cidade. Em alguns aspectos, o panorama não muda: O poder, assim como em todas as outras eleições, permanecerá nas famílias tradicionais, entretanto a cerveja encarece de bar em bar, o tiro come solto no centro, para indignação das autoridades, já que a violência sempre foi escoada para a periferia, e a greve na UFU, com possível votação para reitor no período de paralisação, dão à cidade um novo cheiro: .

Sinta o cheiro de caos pela manhã, tem cheiro de Uberlândia no fim de Agosto.

Procurando uma explicação, o Uberbundas entrou em contato com pesquisadores do Núcleo de Mitoclimalologia do Instituto de Geografia da Universidade Federal. Eles afirmaram que os motivos do caos climático de dois em dois anos são muitos e poderiam ser associados: Um raro efeito da corrente de ar vinda do Acre, somado ao fim do florescimento dos ipês, ao aumento do acasalamento dos cães de rua no fim do inverno e a mudança sazonal no canto do bem-te-vi no Parque do Sabiá.

Esses fenômenos desencadeados talvez sejam a resposta para os muitos relatos de visões proféticas pela cidade. O Uberbundas traz a público com exclusividade a descrição de uma dessas visões, tida por um morador do bairro Jardim das Palmeiras II que não quis se identificar:

"Saindo de casa para o trabalho, depois de pegar meu troco no ônibus, pude ver a Tia do Docinho voando pela cidade e distribuindo doces, tão minúsculos que pareciam pingos de chuva, enquanto o congado passa pela Igreja do Rosário."

Será um aviso de que,  finalmente, o dia de dar certo irá acontecer, como tanto praguejou a, nesta visão, voadora vendedora de doces?

Será que, assim como em outros relatos de visões ouvidos pela cidade, o time profissional de futebol da cidade terá patrocínio e administração justos e levantando a taça do campeonato brasileiro de futebol da primeira divisão? ou as pessoas entrarão em fila nos ônibus, após esperar quem estava lá dentro sair, ou acontecerá a despanelização da produção cultural na cidade, a  integração da cultura branca e negra, tão segregadas "cordialmente"...

Por enquanto, ficamos com a visão do redator, em que o infame Sérgio Mallandro aparece na hora do jornal do almoço, gritando seu bordão máximo:





Por hora, o Uberbundas aconselha: Já que, por aqui, não há como correr para as montanhas, procuremos o bar mais próximo e barganhemos uma saideira.


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Nota 1: Imaginei o acontecido de Quinta passada, aquele na frente do Tio Patinhas, narrado pelo Gil Gomes e escrito pelo Nelson Rodrigues. Me senti tão mal, que tive de tomar um chá de boldo que as tias dão pra curar qualquer coisa, inclusive fratura exposta, no Zé Inácio.

Nota 2: Patati e Patata são a melhor atração do CAMARU 2012.

Nota 3: 32,77% de acréscimo de barba
             21,18% de aumento de tempo para terminar a graduação
            0,001% de trabalhos adiantados
     0,000% de vontade de ouvir novamente a charanga.

Estes são os números da greve até o momento.

domingo, 19 de agosto de 2012

rosassim


o grão de poeira
ampulheta de longe
apaga certa
na medida da mordida
no ombro e no beiço

sorte de ter, a rosa
tatuada núvem
que passa certa
no céu, e aberta
aponta o beijo

dado a mão,
sem vão nenhum, sem tempo
a medida desmensura
desregrada, destoada
pra quê? se vê o bom,
concreto e desejo

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

na janta




um por um por um
no filé
da sopa de letrinhas
sem o agá
com pão duro

atabalioadamente
digito o pedaço
de dedo médio
no muro

o soco
o palmo
o inimigo
aa parte,
e em mim,
o sentimento do murro

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Alegoquímia



abater a feia forma da fome
da realidade independente
com uma faca de manteiga
da imaginária existência
de dois anciãos

passá-la no pão
mastigar nas dentaduras
em formato de lanças
geneticamente moldadas
por cientistas pagãos

num passado inventado
engolir, deglutir, absorver novamente
ruminantemente
por seus quatro estômagos

eu e você, vacas sagradas

a tirarmos o leite tipo X
 a batermos vigorosomente
aa quatro mãos de macaco
e formar a manteiga dourada
no pilão

,para,
só então

usarmos a tal faca com sabedoria
num ritual de café da manhã metafísco sideral