quinta-feira, 27 de junho de 2013

Vezes vez, vês?



Era uma vez,
 Mas acabaram sendo muitas.

 Todas, como se uma que foi
fosse... por isso insuficiente.

 Era uma vez
mas era não bastava,
 Ficou sendo é, como se
   um desmedido tempo, perguntasse ao tempo
 quanto tempo o tempo tem

 E ele respondesse que não é de sua conta

 Era uma vez.
  e é uma vez, que
não escolhe medida.

terça-feira, 26 de março de 2013

efemérides




uma molécula caminha descalça
sobre a grama cortada do jardim
nada que a faça tropeçar prospera
nada além
da espera, seu invitável fim

o sol pergunta pertinente
do hidrogênio fiz o hélio
do seu sangue vermelho carmim

do marfim um elefante
de tantas flores e folhas
fiz para que caminhes um jardim

a molécula fita, divisível, concreta e rara
tão rara quanto a pena negra de um serafim

eu marco meus passos ah eu marco
um tombo não há de ser tão ruim

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Esparringdoxo




Realidade consenso que arde
nos alvéolos, a pele
p'ras mãos, cigarros
real inversa capacidade

Verdade infiel do ponto que partes
no meio, a plebe
em cima, os carros
comum pomada que arde

Felicidade Capitão Saudade
por mais que revele
uma sina na pele, o barro
de montar Irreal Realidade

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Chave de Fenda




Bicicleta Ciclone Cicloneta
dois ciclos se enxugam no avante
Baião Perneta Baioneta
uma dança se mastiga na guerra
Maranhão Bahia Maria
a medida se transforma em elefante
Tristão Tereza Tristeza 

amor de ferida não rima não erra e não lava as mãos

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cardiópata _ Isto é um conto, meio muçarela, meio elegia




À braçadas estende a veia à seringa
Pára-se
Ouve-se
Intravenosa em miligramas comuns

O paciente nº 33 estabiliza-se e pede café com pão

*Desjejuna conforme impresso de circulação popular a cura para a letargia em artigo acadêmico psicopatológico .

_ A imaginação controlada não vê mais gatos nas nuvens e flores nos muros chapiscados e macarrão nos fios do computar portactil, nem ouve tuba nos sons de Roberto Carlos, ou sabores de Amendoim no almoço da avó, nem padrões de dragão em fogo de isqueiro, nem nádegas maiores em calças sem lycra da moça magrela que pede licença. Os resultados correspondem à castração de aniquilamento licenciada.

*Dá-se à gravata de cetim a possibilidade para um nó simples. Obtêm-se um nó simples. Sapatos engraxados. Dentes escovados. Barba escanhoada. Cabelos a 1,33 Cm exactos.

"Objeto de estudo nº33 pediu hora extra." _ Dá-se viva.

Nenhum computador foi danificado no experimento de Cárdio-Acepcia.

sábado, 24 de novembro de 2012

Massagem cardíaca





E, no canto esquerdo do ringue:

Amores e tumores em estado eterno
a mão que afaga o nada, é o cuspe dos anjos
e caminho sobre cacos de vidro,
sacrifício último de não ter luta a se lutar

As distâncias são servidas em pratos de sombras
pra saudade que não significa falta de pai nenhum
divulgando a cada canto o Eu no córtex compartilhado

Freud que se foda

Oremos a Quixote
Oremos cafeína, vomitemos morfina, choremos colombina
                                                   Rima fácil não paga frete

Deitemos o troco em troca do trabalho
o contrário, trapo, é a traquinice infantil:
A mente mente pra si mesma, porque escrota e juvenil
a ignorância é uma piada que não perde a graça:
o pato Donald esconde o pênis nas penas, por isso não usa calça

sábado, 27 de outubro de 2012

C'a'covinha




vale

bochechudo

vale

toda uma ópera

vale

sorriso estampado no sorriso
                         porque vale
dentre tantos um

único um unificado

UM

porque precioso (demasiadamuitomente)
pra ser mais que hum


cova

porque enterra tristezas

cova

porque é morada
,é sim,
última casa para melancolias

cova

bonita pequena cova minha

"covinha"

só uma,
sessim duas

ah, sessim duas

era café almoço jantar
era ar,
era de se desencaminhar

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ao chão



no chão
pesado é a parte nossa
gravidade é de pé
veloz é o sangue
truta contra a pedra

no chão
tudo tem gosto de pedregulho
pedra e barulho
a terra que não é nossa
fica a terra que é nós

no chão
toda moeda gruda
papel para de cair
o leite não derrama
nem relógio, nem alma

no chão
o amarrelo o preto
o branco o vermelho
no chão é cor de chão

porque chão n'é casa
porque chão n'é país
porque chão n'é território
porque chão n'é cultura
porque chão n'é dinheiro
porque chão n'é trabalho

chão não é verbo

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Farelo Translado






autodestructivos isótopos no canto da cabeça
esqueça...

uma paisagem adornada de pedras, naus e bandeiras
caveiras,

cancros, bexiguentos rotos ratos
mortos

suspiros de amor e parar no posto para calibrar o pneu
ateu

furado cujo peito perdido pede a bunda gorda
absorta

da empregada da Marina Augusta
puta

que me lembra porquês de pequeno
veneno

tomado aos poucos nos peitos loucos
das meninas

Oh senhor dos vagabundos que o freio ferre e esse semáforo desabroche em mil flores vagabundas e essa terça me mate de uma vez com um golpe de martini bem no meio da glote a engasgar as pernas enquanto correm ratazanas do Dogão do Tio João para o FastFoodMarqueteiro lotado e que antes de ver eu cegue cheio d'um branco eterno

terno
moderno traço no chão da ladeira

cadeira
que segura o paletó preto riscado

parado
na santa ceia de sapos selados no quadro

pregado
na parede perpétua do meu lobo frontal

igual
a todos os nomes que eu posso dar adeus

Ah, Deus...

fundi mais um motor