sábado, 28 de janeiro de 2012

Arte, Pena, Leão




a arte corrói a alma dos homens da corrompida máscara de chumbo que é comprada com as moedas de ouro. simples troca. a verdadeira arte é ácida, feito um limão no sol que se derrama na mão invisível do malfazejo. e só dele. a arte, quando honesta, limpa a fuligem e a graxa, como estopa. faz o mesmo pela maquiagem da rúbris, tal leite de rosas em pele de bufão triste. a arte infesta de pulgões as ervas daninhas, e só elas, nos jardim de flor poesia. sem agrotóxicos. a arte incita escárnio e maldizer, ao que merece escárnio e maldizer.
ao sabor das ironias. a arte trás aa boca o gosto de zinabre de uma ressaca, quando o gosto de zinabre precisa ser sentido. dá o porre a quem precisa. a arte, quando verdadeira, orienta do que vem sendo feito de ruim, batendo na cara dos paralisados com um martelo de aço e titânio. porque a beleza nem sempre é fácil. a arte, quando e enquanto verdade, é amante do próprio amor. platônica e insistentemente. a arte queima nos dedos dos ditadores e tatua seu nome nas pálpebras dos tiranos. badala seu sino nas camas dos horrores. a arte não tem nem treme nem se ajoelha. a arte se curva ao pequeno e dobra o grande. não tem distinção de classe, credo, gênero ou cor predileta. a arte não se encontra na escola, biblioteca ou academia, mas nas quinas do mundo, a arte, na verdade, não ensina escultura, aprende a beleza dos bueiros.

a arte mesmo não se explica. explode na nossa cara.


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