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"Eu ando pelas areias do sonho sob a pálida lua: através dos sonhos de países e cidades, sonhos passados de lugares há muito tempo perdidos e horas além da recordação." Morpheus in Vidas breves |
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Morpheus |
Não seria mais interessante que alguém coordenasse toda essa bagunça no seu quintal?
Lendo Sandman, você diria que sim. Que toda essa confusão seria mais intensamente vivida. Visitaria o inferno, a cidade de prata dos anjos, muitas eras passadas na terra, além de se apaixonar perdidamente pela Morte. É sério!
Sonho e Morte dos Perpétuos |
O Sandman original era o justiceiro Wesley Dodds, que vestia uma máscara de gás como proteção de sua identidade e atacava os bandidos com uma arma que pulverizava sonífero, no agora longínquo final da década de 30.
O segundo homem a portar este nome foi Garrett Sanford, que com ajuda de dois pesadelos, Brute e Glob, defendia os sonhos das crianças do malvado Mago dos pesadelos. Nada como uma história "pueril", (de fato ela é muito bem elaborada na verdade), para o tormentoso fim da década de setenta.
A proposta de revitalização do personagem foi dada a Gaiman com toda a liberdade criativa, devendo apenas inserir os antigos Sandmans na série. Ele teve o insight de criar todo um novo universo a partir de algumas idéias que vinham amadurecendo. Nota-se um universo obscuro em que o belo tem todos os tons possíveis, desde o brutal ao sublime, desde o macabro ao heróico. A construção dos personagens é muito bem feita, sendo que todos os secundários são dignos de atenção tão especial quanto o próprio senhor dos sonhos. Poderia citar Lúcifer, esse mesmo que você está pensando..., Fidlers Green, um sonho... err... um lugar, melhor dizendo, uma versão antropomórfica, (atentem-se a essa nomenclatura, pois é extremamente recorrente na série) de um quintal tranqüilo no reino dos sonhos e Rose Walker, que tem um papel importante durante toda a série, visitando e se relacionando, a todo o tempo, com o Sonhar.
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Capa de Dave Mckean |
Voltando à construção dos personagens, nota-se uma personalidade independente das idéias que eles representam. O Sonho é um homem branco, pálido e de cabelos desgrenhados. É depressivo e profundo de mais, taciturno e impulsivo. Em contraparte, a Morte é uma jovem sábia e meiga, que usa roupas góticas, mas está sempre de bom humor e vendo as coisas pelo lado positivo.
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Sonho e Matthew por Tony Harris |
O ponto mais alto da série é colocar conceitos, como o de deidade e o próprio maniqueísmo (o que é bom e o que é mal) em um questionamento mais alto, além de trabalhar com a realidade de forma adulta, sem perder a fantasia. As capas do artista neo-surrealista Dave Mckean, e os diversos artistas que vão ilustrando e colorindo a série, são um chamado a mais para esta Fantasia.
Esta foi apenas a apresentação da série aqui no quintal, existem muitos pontos a serem reparados nestas 75 edições e uma profundidade imensa de conceitos a serem tratados.
Espero que, amanhã, ao acordar, pensem sobre o que viram no quintal dos seus sonhos. O mestre Oneiro, com seu corvo nos ombros, pode ter estado lá.
Espero que, amanhã, ao acordar, pensem sobre o que viram no quintal dos seus sonhos. O mestre Oneiro, com seu corvo nos ombros, pode ter estado lá.
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