quinta-feira, 31 de maio de 2012

good trip





pé ante pé ante pé ante pé as letras comem. devoram mil e quinentos gramas da carne suja e poeirenta para diversão se encontrar. só assim o mundo é dissolvido em tíner de alta reação, conhecido como leitura, e o que fica são essas letras carnívoras. volatilizada a realidade, surge ali, onde quer que seja, um mar de estreita em que o homem é escravo da mulher deusa, só para voltar para sua casa, tem em 24 horas sua saga por dublin em muitas, muitas páginas, é amigo de pança, o escudeiro, deita-se na cama com o perigoso sade e vê um mal diferente do seu, enfrenta grendel de mãos nuas, somente com os olhos, para então se deleitar com as musas todas, conhece liliput, os yahoos e o centro da terra, participa da cavalgada dos rohan de armadura e espada empunhada, se depara por ser confidente de iago, temendo o mal de othelo, numa reviravolta escuta mil e uma histórias ao lado de um rei, vê outro mendigo, vê outro nascer ao desenterrar de uma pedra a espada e seu reinado até que, num momento de lucidez perdeu a visão para a brancura. enxergou, viu, reparou, em tudo, voltou para sua casa de papelão, menos amargo.

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