terça-feira, 4 de maio de 2010

Ares e a Chuva

De quando em quando, perambulava pelas encostas um cão insosso
de nome Ares Suas patas cansadas, seus pelos frouxos, caindo de
tanto desgosto, soltando aspas, caspas e espaços mau dados em meu
texto
Fazendo tal zanzo insalubre, sobressaindo em seu azedo olhar sobre
os pobres que sentiam o sol, Ares era a essência do expurgo
Seu ladro malograva gravemente um ser sorridente
Seu cinismo mascarava as tardes cintilantes
Sua figura expunha o espírito néscio do mundo. Era Ares arauto de
ares amargos.
Chutava-se o cão? Maltrato, malgrado... mau-vago, não vale.
Marchava então, o desgraçado, pelos vales, pelos ralos
Por espanto, num dia sem encanto, vi o cão em prantos,
quando a chuva lhe acometeu.
Fora o véu das víuvas que no tempo da vil guerra, cascatas fez
chorar.
Fora o arco do guerreiro, que em um tiro certeiro, sua vida foi parar.
Fora contra Persas, Hunos e Mongóis
Fora cruzado em Harã, Ager, Azaz
Fora imperial, Farrapo, Cabano
Residia, porém um ser soberano, a chave da arca da história
Hoje das armas era Deus o dinheiro
E Ares chorava uma chuva que não era sua
Era esse o pesar do outrora deus agora cão.

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