segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ícaro


Caem-me por terra as coisas do ar
prendo-me num bunker secreto
entre quatro grades brancas
faminto de toda a sorte de sensações

Tanto pra falar e as paredes seguem caladas!

Para ocupar-me a boca
Como um prato de minhas angústias
um prato fundo todo de vidro e corte
tudo é silencioso e agora é vermelho

Cavo uma saída com as próprias mãos
deixo pedaços de unhas e de meu pesadelo
deixo aos gritos todo meu ventrículo esquerdo

Levo de lá um cinismo barato, cortes
um maço de cigarros
um novo ceticismo

Agora sou oficialmente perversão

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